O evento reuniu políticos, lideranças políticas e produtores rurais
Feira de Santana recebeu na manhã deste sábado (6), da 3ª edição da Unagro, que neste ano trouxe como tema “Onde Vai Brasil?”. O encontro reuniu políticos, lideranças políticas, empresários, produtores rurais e representantes de entidades ligadas ao agronegócio. Além de debates e criticas ao cenário politico nacional e estadual, o evento foi marcado pelo lançamento de dois livros e por falas que deram um tom político às discussões.
Entre os presentes estavam o ex-ministro Aldo Rebelo, palestrante principal dessa edição, o ex-ministro da Cidadania João Roma, o prefeito de Feira de Santana José Ronaldo de Carvalho, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto e a deputada federal Roberta Roma. Também participaram o deputado estadual Sandro Régis, a presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), Isabela Suárez, além de empresários e lideranças da região.
Durante o evento, duas obras foram apresentadas ao público. Aldo Rebelo, que já foi Presidente da Câmara dos Deputados, ministro da defesa, do Esporte da Ciência e tecnologia em diferentes governos, lançou o livro O que é o movimento – Proposta para uma construção inacabada?, em que reflete sobre a política brasileira e os caminhos para superar crises e impasses institucionais.
O outro, foi lançamento do livro Agricultura da Bahia, de Georgina Maitai e Brigitte Sinti, que reúne registros fotográficos sobre a diversidade e a força do setor agrícola no estado. As autoras foram homenageadas e receberam um retrato artístico personalizado.
Aldo Rebelo destacou sua trajetória política desde os anos 1970, ele iniciou lembrando o período da censura e da luta pela democracia. Ele afirmou que, naquela época, o Supremo Tribunal Federal (STF) não era protagonista na vida política como nos dias atuais.
“O Supremo transformou-se num grande protagonista da política do Brasil. No meu tempo de juventude, eu não sabia nem o nome dos ministros. Hoje, a corte passou a legislar, interferir e decidir como se fosse um ator político. Isso cria um problema sério para o país”, declarou.
Segundo o ex-ministro, o Brasil vive hoje uma situação em que o Supremo se tornou ator central no cenário político e que em sua visão, cria conflitos entre os poderes e defendeu mudanças estruturais no Judiciário, entre elas a ampliação do número de ministros do STF de 11 para 21. Para ele, isso permitiria mais equilíbrio das decisões da corte, reduziria as tensões políticas e tiraria a concentração de poder nas mãos de poucos.
Ele também criticou a atuação da Funai em processos de demarcação de terras indígenas e defendeu que a responsabilidade seja transferida para o Congresso Nacional. “Não podemos deixar uma autarquia tomar decisões que afetam milhares de pessoas sem ouvir a sociedade. O Congresso é quem deve deliberar sobre isso”, disse.
Outro ponto de seu discurso foi o licenciamento ambiental. Rebelo argumentou que as análises não podem ficar restritas apenas à questão ecológica. “Se um projeto vai gerar emprego, renda e desenvolvimento, o licenciamento tem que ser social, tem que olhar para as pessoas. Não é possível que um técnico impeça a vontade de um país inteiro”, criticou.
Ele também apontou excessos do Ministério Público. Segundo Rebelo, em muitos casos a instituição ultrapassa sua função constitucional. “O Ministério Público deve combater a corrupção e o crime. Mas não pode paralisar o país, perseguir quem produz, quem gera emprego. Isso é um abuso de poder”, afirmou.
O prefeito José Ronaldo destacou a importância do evento em Feira de Santana, afirmando: “Este encontro consolida o município como um polo do agronegócio nacional. Reunimos representantes de várias regiões, que compartilharam experiências e fortaleceram o setor, que se orgulha de ter Feira como sede do evento”.
Outro discurso que ganhou destaque foi o do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto. Ele trouxe um tom político mais direto, voltado para a realidade da Bahia.
“O resultado da gestão do PT no nosso estado está aí. A Secretaria de Agricultura foi colocada em segundo plano, usada em negociações partidárias e hoje está sucateada. O governo abandonou o pequeno produtor e quem dá suporte no interior são os sindicatos rurais, quando deveria ser o próprio estado”, disse.
Neto também criticou a falta de avanços na área de segurança hídrica. “Já são quase 20 anos sem uma obra relevante para combater os efeitos da seca. Enquanto isso, milhares de baianos sofrem no semiárido. A Bahia virou campeã em desemprego e tem mais de um milhão de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza”, afirmou.
Para ele, é preciso aproximar o governo dos produtores rurais. “Nós precisamos abrir as portas do estado para que os produtores definam, junto com o poder público, as políticas que serão implementadas. Eles não podem ser tratados com preconceito e burocracia. O agronegócio é motor de desenvolvimento e precisa ser valorizado”, completou.
O ex-ministro João Roma, que também discursou, destacou que o agronegócio tem papel central para o desenvolvimento do Brasil e que a Bahia precisa de políticas mais eficientes para apoiar quem produz. Já o prefeito José Ronaldo reforçou a importância de Feira de Santana como espaço de debates sobre os rumos econômicos e políticos do estado.
A deputada federal Roberta Roma lembrou que o agro é essencial não só para a economia, mas também para a segurança alimentar. “É preciso ter políticas que assegurem condições dignas de trabalho e produção para pequenos, médios e grandes produtores”, afirmou.
A 3ª edição da Unagro, mostrou que o evento já se consolidou como espaço de discussão política e social na Bahia. As falas diretas de lideranças nacionais e estaduais revelaram preocupações com a democracia, a economia e o futuro do agronegócio.