Sem o tradicional grupo de apoiadores, presidente pode enfrentar constrangimento internacional em Nova Iorque
Lula pode ir à ONU e viver um dos momentos mais delicados de sua trajetória internacional. Isso porque ele deve viajar, neste mês, aos Estados Unidos para participar da abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. Diferente dos anos anteriores, a viagem pode ser marcada pela ausência do tradicional séquito de convidados que sempre acompanha o presidente em compromissos oficiais, custeados pelo dinheiro público.
A abertura da Assembleia é histórica para o Brasil, já que, por tradição, o representante brasileiro é o responsável por abrir os discursos do encontro. No ano passado, Loola levou cerca de cem convidados para o auditório. Eles aplaudiam a cada fala, dando a impressão de que se tratava de autoridades internacionais reunidas para ouvir sua mensagem. Na prática, esses convidados funcionavam como uma claque, expressão usada para definir grupos que incentivam aplausos de forma ensaiada em eventos públicos.
Lula pode ir à ONU sem sua claque de convidados
Agora, o cenário pode mudar. Segundo informações, os Estados Unidos devem limitar o número de convidados autorizados a entrar no auditório da ONU. Se isso acontecer, o presidente brasileiro corre o risco de discursar sem o apoio de sua plateia fiel, que até então reforçava a imagem de prestígio internacional.
Essa possibilidade levanta questionamentos sobre o real peso de Loola no cenário político global. Até que ponto sua imagem é resultado de influência internacional genuína e até que ponto é construída pela militância e por estratégias de comunicação? Sem ministros, sem assessores próximos e até sem a primeira-dama Janja para auxiliá-lo, o presidente poderá enfrentar um teste de credibilidade diante de líderes mundiais.
O risco de constrangimento é grande. A ausência de uma plateia lotada pode transformar a abertura da Assembleia em um palco silencioso, onde apenas palmas protocolares serão ouvidas. Essa mudança no ambiente pode expor o presidente a críticas internas e externas, especialmente de quem já questiona sua projeção internacional.
O silêncio das palmas protocolares
Leia também: À deriva: Brasil sem rumo
Nos últimos anos, os discursos de “Loola” na ONU sempre foram acompanhados de aplausos calorosos. Parte deles vinha dos convidados trazidos diretamente do Brasil, pagos com recursos públicos. Caso essa prática seja barrada, o auditório poderá transmitir uma atmosfera fria, com reações protocolares típicas de encontros diplomáticos.

Essa situação seria inédita para o presidente. Acostumado a falar para plateias simpáticas ao seu discurso, ele pode se deparar com a dura realidade de que sua mensagem nem sempre ecoa com a mesma força em ambientes internacionais. O silêncio do auditório, ou mesmo o tímido bater de palmas, pode ser interpretado como sinal de fragilidade política e de perda de influência.
Outro ponto que gera expectativa é a forma como outros líderes mundiais irão reagir. Há especulações de que Donald Trump, possível adversário ideológico, pode usar a oportunidade para constranger publicamente o presidente brasileiro. Se isso ocorrer, Loola estará ainda mais vulnerável, já que não terá seus aliados de sempre no auditório para amenizar a situação.
Além disso, os países alinhados ideologicamente com o governo brasileiro dificilmente terão poder de mudar esse quadro. Ainda que mantenham relações próximas, não conseguirão encher o auditório ou transformar o ambiente em um espaço de aplausos e aclamações.
O impacto político e internacional
Na prática, isso significa que o discurso de Loola na ONU será um verdadeiro teste de popularidade. Será o momento de provar se ele é de fato uma figura relevante no debate internacional ou se sua imagem foi construída artificialmente por meio de recursos de comunicação e militância política.
O presidente tem menos de duas semanas para se preparar para esse desafio. A viagem aos Estados Unidos pode marcar um divisor de águas em sua trajetória política fora do Brasil. Se conseguir superar a ausência de sua claque e ainda assim transmitir uma mensagem forte, poderá sair fortalecido. Por outro lado, se o silêncio predominar no auditório, essa participação pode se tornar um dos maiores constrangimentos de sua carreira.
O Brasil acompanhará de perto esse episódio. O que está em jogo não é apenas o discurso de abertura, mas também a imagem do país e a credibilidade do presidente no cenário internacional. Resta saber se, diante da ONU, ele ouvirá apenas as palmas protocolares ou se conseguirá quebrar o silêncio e conquistar a atenção do mundo.





