Escritor é acusado de lucrar com dinheiro público enquanto usa as redes sociais para ataques irônicos e provocações políticas
O escritor gaúcho Peninha voltou ao centro das atenções nos últimos dias. Não por uma obra literária, mas pelas declarações irônicas que publicou em suas redes sociais após a morte do ativista de direita Charlie Kirk. O episódio, que rapidamente ganhou repercussão nacional, se somou a outro fator que aumentou a indignação de parte da população: o recebimento de R$ 3,2 milhões de recursos públicos por contratos com a Caixa Econômica Federal.
A junção entre verba milionária e discursos carregados de deboche acendeu o debate. Para críticos, Peninha não apenas ultrapassou os limites do respeito, mas se transformou em um porta-voz bem pago para disseminar provocações políticas em nome de quem o financia.
Dinheiro público em contratos sem licitação
O nome de Peninha já circulava nos bastidores de Brasília por causa de contratos firmados diretamente com a Caixa. Entre os trabalhos, está a produção de livros como “Caixa – Uma História Brasileira” e “Caixa 150 anos de uma História Brasileira”, além da atualização das publicações. O detalhe é que os serviços foram contratados sem licitação, e o valor recebido pelo escritor chegou a R$ 3,2 milhões.
Essa informação, somada à repercussão das declarações sobre a morte de Charlie Kirk, alimentou críticas de que Peninha teria usado a posição privilegiada e o dinheiro dos contribuintes para sustentar um discurso político de ataque.

As palavras de Peninha geraram uma onda de reações nas redes sociais. O que parecia ser mais uma provocação, acabou se transformando em um movimento de rejeição. Ele perdeu contratos paralelos, espaços na mídia e viu sua imagem ser duramente desgastada.
Apesar disso, o vínculo com a Caixa permanece. O silêncio do banco público diante da polêmica foi interpretado por críticos como uma forma de conivência. Para eles, se houvesse discordância real, o contrato já teria sido suspenso.
A figura polêmica de Peninha
Não é a primeira vez que Peninha protagoniza situações de confronto. Sua trajetória é marcada por opiniões ácidas e, muitas vezes, polêmicas. O estilo, que mistura ironia e provocação, conquistou seguidores, mas também construiu uma imagem de “personagem excêntrico” que transita entre a literatura e a política.
Desta vez, no entanto, o episódio ultrapassou barreiras. Enquanto admiradores o defendem alegando liberdade de expressão, críticos apontam que existe uma diferença entre emitir opiniões pessoais e fazê-lo sustentado por contratos milionários custeados pelo dinheiro público.
A indignação da sociedade
A questão central para boa parte da opinião pública não é apenas o tom das declarações, mas o uso de verbas públicas. Em um país em que falta investimento em saúde, educação e segurança, ver milhões destinados a um escritor acusado de disseminar provocações soa como desrespeito.
Além disso, o fato de o contrato não ter passado por processo de licitação levanta dúvidas sobre transparência. Para opositores, esse é um exemplo claro de como recursos públicos podem ser usados para fortalecer narrativas políticas.
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Liberdade de expressão ou abuso?
O caso Peninha reacende uma discussão recorrente: até que ponto a liberdade de expressão cobre declarações ofensivas, especialmente quando financiadas por dinheiro público? Juristas lembram que, no Brasil, a Constituição garante o direito à manifestação, mas a questão moral permanece: é legítimo que um escritor pago por um banco estatal use sua visibilidade para ironizar a morte de adversários políticos?
Ao fim, Peninha reforça a imagem de alguém que caminha na linha tênue entre o direito de se expressar e a responsabilidade de quem ocupa espaço público sustentado por verbas da sociedade. Para muitos, ele é apenas um escritor polêmico que aproveita as brechas do sistema. Para outros, representa um sintoma de como a política brasileira se confunde com interesses pessoais e contratos pouco transparentes.
O futuro do escritor, no entanto, dependerá menos das suas provocações e mais da capacidade do governo federal e da Caixa de responder às críticas sobre como e por que milhões de reais continuam sendo destinados a um personagem que divide tanto o país.





