Conflitos públicos entre o presidente e o senador revelam a disputa por influência política e interesses pessoais, enquanto o país observa.
O presidente Lula e o presidente do Senado, David Alcolumbre, têm trocado ameaças publicamente. O senador se irritou com Lula ao ser contrariado na indicação do famoso “Bessias” para a vaga aberta no STF, em decorrência da aposentadoria de Barroso. O candidato defendido por Alcolumbre é o senador Rodrigo Pacheco, que o sucedeu no cargo.
Na disputa entre os dois políticos, os brasileiros deveriam torcer pela transparência do embate. Quanto mais público e intenso, melhor, pois revela, mesmo que não seja novidade, o caráter de cada um e até onde estão dispostos a ir para alcançar seus objetivos pessoais. Nenhum dos dois parece pensar no melhor para o Brasil.
A verdade é que não se sabe ao certo qual dos dois candidatos seria pior para o sistema jurídico do país, já que ambos tendem a atender ordens — e não demandas — vindas do Planalto enquanto Lula estiver no poder, ou de qualquer lugar que ocupe depois de deixar o Palácio.
Entrincheirados, os dois líderes se ameaçam de verdade ou apenas encenam o confronto — acredito que seja mais a segunda opção. Um solta um balão de lá, outro de cá. Em alguns dias, sinais de fumaça anunciarão a paz, e o “acordão” estará fechado. Agem como se esse tipo de negociata fosse normal.
Alcolumbre busca aumentar sua presença em cargos estratégicos no governo, indicando aliados e controlando posições. Lula, por sua vez, não hesita em colocar à mesa de negociações estatais lucrativas para atingir seus fins, já demonstrou isso diversas vezes. É o jogo do seu projeto de poder.
Aliados de Alcolumbre dizem que ele teria cerca de 50 votos, suficientes para barrar o indicado de Lula ao STF. Mas Lula detém o poder e a caneta — e não parece ter escrúpulos que o impeçam de negociar bens da nação em proveito próprio. Do outro lado do tabuleiro, está um político sedento por poder. Torço pela briga, mas tudo lembra aquelas encrencas entre compadres: no final, acordo feito, abraços e declarações de fidelidade. E o povo que fique à mercê da política enquanto o jogo acontece.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil





