O cargo de treinador no futebol brasileiro é um dos mais instáveis.
No Brasileirão deste ano, já foram registradas 17 demissões, e alguns técnicos foram dispensados mais de uma vez. É o caso do português Renato Paiva, que comandou o Fortaleza em apenas 10 partidas, após substituir o argentino Pablo Vojvoda, e acabou demitido. Mais tarde, também perdeu o emprego no Botafogo.
Poucos clubes conseguiram manter o treinador no cargo até aqui. Um exemplo é o Bahia, que segue com Rogério Ceni, apesar da pressão que existe em todo o campeonato.
A parte de baixo da tabela, conhecida como Z4, assombra técnicos, jogadores e dirigentes. Os quatro últimos caem para a Série B, e a ameaça do rebaixamento costuma aumentar a pressão e acelerar a troca de comando.
No Brasil, os técnicos não têm tempo de adaptação. Assim que assumem, já são cobrados por vitórias. Quando os resultados não aparecem, quem paga o preço é quase sempre o treinador, mesmo quando o problema é a falta de contratações adequadas ou erros da diretoria. O técnico vira o “culpado oficial” e dificilmente cria raízes em um clube.
Alguns são exceção, como Abel Ferreira, do Palmeiras, que está no cargo desde novembro de 2020 e conquistou vários títulos. Mesmo assim, até treinadores vitoriosos sofrem pressão. A torcida costuma cobrar sem perdão: um erro pode apagar dezenas de acertos e transformar aplausos em vaias.
O primeiro a cair nesta edição do Brasileirão foi Mano Menezes, que comandou o Fluminense apenas na estreia, quando perdeu para o Fortaleza. Curiosamente, o mesmo Fortaleza foi o último clube a demitir dois treinadores: o argentino Vojvoda e agora o português Paiva.
No ano passado, até a 12ª rodada, já eram nove técnicos fora. Ao final da competição, 23 treinadores haviam sido demitidos em 16 clubes diferentes, mostrando como a “dança das cadeiras” no futebol brasileiro continua intensa.
Foto: Buda Mendes /Getty Imagens