Ex-ministro volta ao Senado 14 anos depois e utiliza o mesmo argumento para se defender de denúncias sobre desvios no INSS
O ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, voltou a ocupar o centro de uma polêmica no Congresso Nacional. Quase 14 anos após perder o cargo no governo Dilma Rousseff, por causa de acusações de corrupção, ele repetiu o mesmo discurso em uma CPMI no Senado, desta vez sobre supostos desvios bilionários nas contas de aposentados e pensionistas do INSS.
A frase usada por Lupi para se defender soou como uma reprise: “sou humano, estou sujeito a errar, mas não houve má fé”. O argumento, no entanto, não convenceu senadores e deputados da oposição, que hoje comandam a comissão.
O caso de 2011: a primeira queda de Lupi
Em 2011, Carlos Lupi era ministro do Trabalho e enfrentava denúncias de envolvimento em convênios irregulares. Na época, uma audiência no Senado serviu de palco para sua primeira tentativa de defesa. O discurso de “erro humano, sem má fé” não foi suficiente, e ele acabou deixando o governo após intensa pressão.
Um episódio marcante daquela época foi quando, diante das câmeras, Lupi beijou a mão da então presidente Dilma Rousseff, afirmando que a amava, em uma cena que ficou registrada como uma das mais constrangedoras da política recente. Nem o gesto de lealdade o livrou da demissão.
A CPMI do INSS: nova crise e velhas desculpas
Agora, em 2025, Lupi se vê diante de outro escândalo. A CPMI do INSS investiga descontos indevidos que somam cerca de seis bilhões de reais em benefícios de aposentados e pensionistas. E vale ressaltar que o sindicato Sindnapi que pertence ao Frei Chico, irmão do Presidente Lula, arrecadou mais de 259 milhões de reais. O problema, considerado gravíssimo, levou ao seu afastamento mais uma vez e colocou seu nome novamente sob suspeita.
Na comissão, o ex-ministro tentou responsabilizar gestores do INSS, alegando que não tinha ingerência direta sobre o órgão, por ser independente. Segundo ele, só tomou conhecimento da gravidade dos problemas em 2023 e não teria agido antes porque “não tinha dimensão da profundidade do esquema”.
Carlos Lupi e a comparação com Lula
Durante seu depoimento, Lupi ainda fez questão de reforçar que o presidente Lula não sabia de nada sobre os desvios. Essa linha de defesa, usada repetidas vezes em governos petistas, foi ironizada por parlamentares da oposição, que compararam a fala à velha narrativa de que o presidente nunca tem conhecimento das irregularidades que acontecem sob sua gestão.
A estratégia, porém, pareceu pouco convincente. “Essa desculpa não cola”, resumiu um senador presente na CPMI.
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Anistia: solução ou novo impasse?
Diferente de 2011, o cenário político atual é menos favorável para o ex-ministro. O comando da comissão está nas mãos da oposição, que tem demonstrado pouca paciência com as explicações de Lupi. Deputados e senadores criticaram a tentativa de transferir responsabilidades para técnicos do INSS e classificaram sua postura como uma forma de fugir da culpa.

Parlamentares lembraram ainda que o episódio não é inédito, já que o político deixou dois ministérios em situações semelhantes, sempre cercado por denúncias de corrupção.
O caso reacendeu debates sobre a gestão de recursos públicos e a responsabilidade de ministros em casos de corrupção dentro das pastas que comandam. Analistas avaliam que a reincidência pesa contra Lupi, que já tem sua imagem política desgastada desde a queda no governo Dilma.
A oposição deve explorar o episódio para desgastar ainda mais o governo, reforçando a narrativa de que há uma repetição de escândalos nos mandatos petistas. O episódio também reforça a dificuldade do Palácio do Planalto em blindar aliados diante de novas denúncias.





