De ghost-writer a crítico de Loola

Opinião

Lula faz qualquer barganha para se manter no poder

Antônio Risério não poupou ‘elogios’ ao governo Loola. Disse que o petista não tem projeto, parece uma barata tonta, que está completamente perdido. Não, Risério não é um bolsonarista crítico do governo petista. Foi a pessoa que escreveu o discurso de posse do primeiro governo de Loola. O ghost-writer do presidente. Se tornou um crítico do petismo depois de se afastar da esquerda.

Deixou o grupo esquerdistas quando descobriu que o presidente faz qualquer barganha para se manter no poder, para ter votos no Congresso, como nomeações de ministros de caráter e passado duvidosos. Cita o deputado pernambucano Severino Cavalcanti alçado para ministro das Cidades, e sacou o petista gaúcho Olívio Dutra. Revelou que este comportamento o levou a romper com a causa petista.

Para Risério, Loola tentou fazer algumas coisas, mas o tempo inteiro ele andou de mãos dadas com a turma da barganha. “Foi o cara do jogo duplo, triplo até. Hoje, eu acho um governo completamente perdido. Ele não tem noção do que está fazendo. Eu não consigo ver uma luz neste governo. É um governo de centro-direita porque não tem um projeto nacional. Loola não tem nenhum projeto para o Brasil.

É tudo no improviso”. Escritor e mestre em antropologia, o baiano Risério trabalhou na equipe de marqueteiros das campanhas de Loola, na de Dilma em 2010 e na de Fernando Haddad para prefeito de São Paulo, em 2012. Portanto, o que diz do governo tem peso e deve ser ouvido ou lido com atenção – sem bem que esquerdista lendo e com atenção é condição bem difícil de ser encontrada numa mesma pessoa. Para ele, o governo age como uma barata tonta de esquerda, quando se mete em opinar na política internacional, e na política interna, se comporta como uma de centro.

Para ele, o identitarismo (que defendem grupos específicos, como gay, negros, mulheres, entre outros) está em declínio por estar fundamentado na raça e no sexo, com o posicionamento contrário de intelectuais e a reação dos cidadãos comuns, que vinham sofrendo a tentativa da imposição de uma ditadura lingúistica, como todo mundo tendo que falar a língua que os identitários querem. Critica o movimento negro, que define como americanizado. “Até o vocabulário deles é americano”.

Não é contra as cotas para ingresso numa graduação e em concursos, mas defende as cotas sociais, porque, diz, existem negros ricos e brancos pobres. Decepcionado com a política e, com certeza com certos políticos próximos, não mais vai às urnas. Jogou o título de eleitor fora. “Filho da puta nenhum vai ter mais meu voto.”

*Originalmente, a entrevista foi dada ao site Poder 360

Foto: Folhapress

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