Doenças no fígado dos brasileiros: 3% das mortes e custo de R$ 300 milhões anuais

Doenças no fígado dos brasileiros: 3% das mortes e custo de R$ 300 milhões anuais

Brasil Saúde

Novo estudo revela que doenças no fígado são responsáveis por milhares de mortes no Brasil, gerando um custo anual milionário, e destaca a necessidade de revisão nas políticas de saúde.

As doenças hepáticas emergem como um grave problema de saúde pública no Brasil, resultando em 3% de todas as mortes registradas no país e um impacto financeiro significativo. Um estudo pioneiro conduzido pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) trouxe à tona dados alarmantes sobre a incidência e os custos associados a essas doenças, destacando a necessidade urgente de uma revisão nas políticas de saúde e de um maior investimento em prevenção e tratamento.

O Estudo Inédito

Realizado por pesquisadores do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB, o estudo levou três anos para ser concluído e se baseou em dados abrangentes coletados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do DATASUS, abrangendo o período de 1996 a 2022. As informações foram estratificadas por região, gênero e raça, permitindo uma análise detalhada das disparidades no acesso ao diagnóstico e tratamento das doenças hepáticas em diferentes partes do Brasil.

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Os resultados da pesquisa foram publicados na prestigiada revista “The Lancet Regional Health Americas“, consolidando-se como uma referência crucial para a formulação de políticas públicas de saúde no país.

Principais Causas de Mortes Hepáticas

O estudo identificou as principais causas de morte por doenças hepáticas no Brasil, sendo elas: câncer de fígado, doença hepática alcoólica, fibrose e cirrose, e hepatite viral crônica. A prevalência dessas doenças varia significativamente conforme a região. Por exemplo, a doença hepática alcoólica é a principal causa no Nordeste, enquanto o câncer de fígado é mais predominante nas regiões Norte e Sul.

Para Maria de Fátima, o tratamento precoce e a mudança de hábitos, são essenciais para prevenção de doença no fígado- Foto: Luiza Bongir | UFMG

A professora Maria de Fátima Leite, do Departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG, destaca a importância de se investir em diagnósticos precoces e no acesso a tratamentos adequados. “Precisamos melhorar o acesso da população aos tratamentos e promover a conscientização quanto ao estilo de vida, que é uma das grandes causas das doenças hepáticas”, afirma.

Disparidades Regionais e de Acesso

Uma das conclusões mais preocupantes do estudo é a disparidade no acesso aos cuidados de saúde, especialmente em regiões mais remotas. Pacientes da região Norte, por exemplo, enfrentam grandes dificuldades para acessar transplantes de fígado e frequentemente precisam se deslocar para outras regiões do país. Essa falta de acesso adequado a tratamentos e diagnósticos contribui para a alta taxa de mortalidade por doenças hepáticas no Brasil.

Impacto Econômico

O custo anual do tratamento de doenças hepáticas no Brasil é estimado em R$ 300 milhões, dos quais a maior parte é destinada aos transplantes de fígado, representando 68% do total dos gastos. Procedimentos clínicos e cirúrgicos seguem, com 25% e 5,8% respectivamente. Além desses custos diretos, há também despesas significativas com hospitalizações, medicamentos e tratamentos adicionais.

O pesquisador André G. Oliveira ressalta a necessidade de uma revisão na forma como os recursos são alocados. “Os dados sugerem que é necessária uma revisão na forma como os recursos são investidos no Brasil, com maior foco na prevenção e no diagnóstico precoce”, observa.

A Necessidade de Mudança

Para a professora Maria de Fátima Leite, a mudança no estilo de vida dos brasileiros é fundamental para reduzir a incidência de doenças hepáticas. “O estilo de vida do brasileiro, caracterizado por alimentação inadequada, consumo excessivo de álcool e infecções virais, compromete seriamente a saúde do fígado”, alerta.

Ela enfatiza que políticas públicas devem priorizar a educação e conscientização da população sobre hábitos saudáveis, além de assegurar que todos tenham acesso a diagnósticos precoces e tratamentos eficazes. “Um estudo desse porte contribui para nortear políticas públicas de saúde, visando mitigar o impacto crescente das doenças hepáticas”, completa.

Conclusão

O estudo realizado pelo ICB/UFMG lança luz sobre um problema de saúde pública de grande magnitude no Brasil. Com 3% das mortes no país atribuídas a doenças hepáticas e um custo anual de R$ 300 milhões, é imperativo que políticas públicas sejam revisadas e que se invista mais em prevenção, diagnóstico precoce e tratamento. Somente assim será possível reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida da população brasileira, enfrentando de forma eficaz o desafio das doenças hepáticas.

Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais

Redação: Portal hora da informação

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